Caatinga
O bioma Caatinga
A Caatinga é um dos seis biomas brasileiros e ocupa a maior parte da área com clima semiárido da região Nordeste do Brasil. Entre as atividades econômicas locais de maior representatividade, está a agropecuária. Remontando às raízes históricas de povoamento do território brasileiro, a região da Caatinga foi objeto de intensa ocupação ao longo de séculos e palco importante para diversos processos culturais, econômicos e institucionais. Diferentemente de outras áreas áridas e semiáridas na superfície terrestre, destaca-se por reunir parcela importante de produtores rurais, principalmente pequenos produtores, que cultivam variados produtos com relevância regional e, em alguns casos, com destaque no cenário nacional e na dinâmica do comércio internacional.
Única floresta 100% brasileira
A área da Caatinga é de 844.453 Km² (IBGE, 2004) e a totalidade de seus limites encontra-se dentro do território brasileiro, ou seja, seu patrimônio biológico não é encontrado em nenhuma outra região do mundo. Abrange os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Maranhão e também a faixa norte de Minas Gerais. Faz limite com outros três biomas do país, a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. De todos os estados em que ocorre a Caatinga, o Ceará é o que possui maior parte do seu território formado por esse bioma.
Em termos de abrangência territorial, o limite da Caatinga foi oficialmente definido no “Mapa de Biomas do Brasil: primeira aproximação”, publicado pelo IBGE e o Ministério do Meio Ambiente, divulgado no ano de 2004 na escala 1:5.000.000. A Caatinga, a partir desse documento, compreende uma área de 844.453 km2 e estende-se pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Um detalhamento dessa primeira iniciativa foi proposto pelo IBGE em parceria com outras instituições no ano de 2019.
A delimitação feita pelo IBGE considera principalmente os tipos de vegetação de cada bioma, cujos contornos raramente coincidem com os limites político-administrativos (estados e municípios, principalmente). Os diferentes conjuntos de informações de ordem econômica, social, política e natural apresentados pela plataforma estão organizados, pela maior parte das fontes, por município, o que torna indispensável essa compatibilização.
Delimitação da Caatinga
Assim, a partir do limite da Caatinga do IBGE e Ministério do Meio Ambiente do ano de 2004 e da metodologia apresentada no trabalho de Fernando Luís Garagorry e Roberto de Camargo Penteado Filho, desenvolveu-se uma proposta de delimitação político-administrativa para o bioma Caatinga. Essa proposta baseou-se no princípio da predominância dos biomas em cada microrregião do Brasil. Nos casos em que uma microrregião apresenta dois ou mais biomas em sua área de abrangência, o de maior predominância em termos de área definiu a sua classificação. A adoção de microrregiões decorre de sua maior estabilidade em termos espaciais ao longo do tempo, já que não passam por significativas alterações político-administrativas, ao contrário dos municípios.
Com a aplicação desses princípios metodológicos, chegou-se a um território representativo da Caatinga, formado por 120 microrregiões , que reúnem 1.130 municípios do Brasil, o equivalente a 20% de todos os entes municipais do território nacional. Compreende partes de todos os estados da Região Nordeste do Brasil, exceto o Maranhão, sendo que apenas o estado do Ceará tem sua área integralmente inserida no contexto do bioma. Nessa proposta de limite político-administrativo da Caatinga, as áreas do norte de Minas Gerais não estão incluídas, em função do critério de predominância na microrregião, embora reconhecidamente reservem importantes áreas características do bioma e que devem ser detalhadamente analisadas em projetos de pesquisa complementares. A proposta de delimitação da Caatinga está representada no painel abaixo.
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Quadro Natural na Caatinga
O bioma Caatinga apresenta uma combinação singular entre um regime de chuvas de alta variabilidade espacial e uma elevada evapotranspiração, o que provoca déficit hídrico em alguns meses e regiões. Em contrapartida, exibe uma vegetação extremamente diversa e adaptada a essas condições, com grande número de espécies de fauna e flora endêmicas, ou seja, que não existem em nenhum outro local do planeta. Ainda que comumente relacionada aos eventos de seca e às paisagens áridas, a Caatinga também reserva outras variadas fitofisionomias, com áreas densas de vegetação arbustiva e arbórea, locais com níveis significativos de umidade e tipos de solos extremamente diferenciados.
Essa complexidade do quadro natural do bioma Caatinga interage com diversas formas de ocupação humana construídas ao longo de séculos, moldando paisagens e ambientes produtivos, criando um mosaico de situações entre características naturais herdadas do território e as atividades agropecuárias que fundamentam social e economicamente a região. Considerando essa diversidade, esta seção oferece uma visão ampla das características do clima, do relevo, do solo e da vegetação, como forma de ampliar o conhecimento sobre a Caatinga e a análise sobre suas principais potencialidades.
Dados, Mapas e Gráficos
O painel do quadro natural da Caatinga é subdividido em quatro principais temas: clima, relevo, solo e vegetação. Utilize a barra superior para navegar entre eles:
Clima: reúne dados de precipitação e temperatura média mensal, além do balanço hídrico e o Índice de Aridez. O painel inicial apresenta informações para o contexto da Caatinga, mas é possível selecionar o estado da federação no menu ou um conjunto de municípios diretamente no mapa para acessar dados específicos.
Relevo: mostra um mapa com a altitude média de cada município e um gráfico com a distribuição das áreas ocupadas pelas classes de declividade, além das faixas de altitude que ocorrem no território da Caatinga. Também é possível selecionar estados e municípios para dados específicos.
Solo: oferece dois tipos de mapas para consulta: terras para irrigação ou de solos, que podem ser alternados a partir do menu de seleção. Associado a essas informações, o painel apresenta a distribuição das aptidões pedoclimáticas para uma lista de culturas, de acordo com o tipo de manejo. Ao selecionar uma das unidades de mapeamento no mapa, é possível verificar detalhadamente as informações descritivas a seu respeito como, por exemplo, os solos existentes e a sua distribuição, sua respectiva classificação para irrigação e aptidão pedoclimática.
Vegetação: com ênfase nas mudanças de uso e cobertura da terra, o painel apresenta a taxa de conversão e o balanço entre ganhos e perdas das classes de uso e cobertura, permitindo análises individualizadas ou em grupo para cada classe entre os anos de 2000 a 2018. Nesse caso, também é possível selecionar o estado da federação no menu ou um conjunto de municípios de interesse no mapa para visualizar informações específicas.
Além da visualização dinâmica, é possível realizar o download dos dados, acessando o menu na parte inferior do painel, para uso em outros softwares de manipulação de dados e tabelas.
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Quadro Agrário na Caatinga
Quatro tipos de áreas legalmente atribuídas estão representadas no Quadro Agrário da Caatinga: as Unidades de Conservação, que se constituem pelas áreas demarcadas para proteção da vegetação nativa e dos ecossistemas; as Terras Indígenas, que reconhecem as áreas originárias tradicionais dos povos indígenas; os Assentamentos Rurais, que representam os conjuntos de lotes criados para atender as políticas de colonização e reforma agrária; e as Comunidades Quilombolas, que representam as áreas tradicionais dos grupos étnico-raciais remanescentes das comunidades históricas dos quilombos. Cada uma dessas áreas conformam situações geográficas particulares em cada porção da Caatinga e sua análise territorial é fundamental para as políticas públicas de desenvolvimento regional a serem desenvolvidas.
Quadro Agrícola na Caatinga
Quais são e onde se localizam as áreas do território que são destinadas à proteção ambiental? Onde estão as regiões voltadas às políticas de reforma agrária? Quais são os povos tradicionais e quais são suas áreas oficialmente reconhecidas? Esta seção visa responder a esses questionamentos a partir da representação numérica, gráfica e espacial das áreas legalmente atribuídas existentes no bioma Caatinga. Uma área legalmente atribuída representa uma parcela do território nacional, instituída por dispositivos legais como projetos de lei e decretos, cuja criação tem o objetivo de atender algum propósito específico, como é o caso da proteção ambiental e o reconhecimento de direitos constitucionais.
A agricultura da Caatinga é caracterizada pela diversidade de contextos, de produtos e de formas de existência no campo. Em algumas regiões, como as áreas do Sertão, predomina a pequena agricultura familiar, muitas vezes marcada por séculos de história de ocupação humana. Outras, conheceram importantes transformações no período recente, a exemplo dos perímetros irrigados de Juazeiro/BA e Petrolina/PE. A produção rural da Caatinga é aquela representada pela atividade pecuária de bovinos e, principalmente, de pequenos animais como caprinos e ovinos, mas também pela fruticultura irrigada, pela produção de mel e pela aquicultura. Também compreende o extrativismo de espécies nativas como o umbu ou a carnaúba e o manejo florestal da própria Caatinga e de sua biodiversidade, entre outras diversas formas de produção.
Dados dessa realidade agropecuária tão diversa estão reunidos no painel interativo desta página, que constitui uma ferramenta de análise do Quadro Agrícola. A forma de organização e apresentação dos dados busca favorecer a compreensão da tendência de evolução de cada uma das culturas da Caatinga nos últimos anos, tanto do ponto de vista numérico quanto de sua representatividade no território. São mais de 90 produtos agropecuários com dados disponíveis para análise distribuídos em 10 categorias temáticas.
Dados, Mapas e Gráficos
O painel interativo abaixo permite múltiplas consultas sobre a produção agropecuária da Caatinga. A partir da seleção de um produto, é apresentada a respectiva série histórica de produção entre os anos de 2013 a 2020 em um conjunto gráfico de barras. No menu, selecione também o ano para o qual deseja visualizar as duas formas de representação espacial: Mapa de Produção e Mapa de Concentração Espacial.
O painel interativo permite visualizar o contexto regional da Produção agropecuária de todo o bioma Caatinga, bem como selecionar recortes territoriais específicos ao clicar sobre qualquer um dos municípios no mapa, na tabela ou, então, escolher uma unidade da federação no menu principal. A partir de qualquer seleção, o painel atualiza os dados de produção. Para a análise de Concentração Territorial, contudo, a classificação em quartéis segue relativa ao conjunto da Caatinga.
Os dados gráficos e espaciais são acompanhados das informações tabulares que caracterizam cada registro de forma individual, o que permite conhecer os valores das quantidades produzidas, da área colhida e da produtividade (quando disponível) de um determinado produto, registrados em cada município da Caatinga e para cada ano da série histórica. Todos os dados estão disponíveis para download em diferentes formatos, ao clicar no botão ‘Baixar’, no canto inferior direito dos painéis.
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Quadro de Infraestrutura na Caatinga
A infraestrutura corresponde às condições materiais existentes no território que dão suporte às atividades produtivas, desde o local de produção propriamente dito até as vias de escoamento para abastecimento do mercado interno e exportação. No caso da atividade agropecuária, a infraestrutura é composta tanto pelas estruturas de produção – sistemas de irrigação, armazenamento, sistemas de transformação e processamento dos produtos, como também pelos modais de transporte rodoviário, ferroviário, hidroviário, entre outros.
Na análise do quadro de infraestrutura da Caatinga, duas dimensões principais foram analisadas, dada a relevância para o contexto regional e para o desenvolvimento agropecuário nos próximos anos. A primeira delas é a infraestrutura hídrica disponível na área de abrangência do bioma: localização, áreas já irrigadas, potencial de ampliação, localização e tipos de perímetros irrigados, além das grandes estruturas de armazenamento de água com várias finalidades. A segunda dimensão detalhada nesta página refere-se à espacialização e classificação dos estabelecimentos jurídicos que se destinam ao beneficiamento e o processamento de produtos agropecuários, como é o caso de empresas de laticínios ou frigoríficos especializados em diversos tipos de produtos. A análise dessas duas dimensões, infraestrutura hídrica e infraestrutura de beneficiamento de produtos agropecuários, permite visualizar oportunidades de investimentos, o planejamento de políticas públicas e a própria organização das cadeias produtivas em termos regionais.
Dados, Mapas e Gráficos
Painel 1 – Infraestrutura Hídrica
Estão disponíveis três grandes conjuntos de informações que podem ser selecionados a partir da barra superior.
Áreas Irrigadas: O mapa da esquerda representa a área irrigada em 2019; o mapa à direita indica, em termos percentuais, qual o potencial de expansão da área irrigada em cada município. O mesmo painel mostra os métodos de irrigação predominantes e a tipologia que diferencia, por exemplo, a irrigação voltada à cana-de-açúcar, ao café ou a outras culturas e sistemas. Todos esses dados são oriundos do Atlas da Irrigação 2021 da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e seus principais conceitos estão detalhados ao final desta página.
Perímetros Irrigados: O painel destaca a localização espacial de cada perímetro, sua identificação, instituição responsável e área que ocupa. O gráfico de barras demonstra a evolução histórica de criação desses perímetros e um gráfico de distribuição das culturas identifica quais os produtos existentes em cada um dos projetos, bem como no contexto do bioma. Por meio dos gráficos, é possível selecionar uma cultura específica, por exemplo, e observar quais os perímetros que atualmente produzem esse item.
Açudes: O mapa apresenta a capacidade de armazenamento de água de cada município da Caatinga em seus principais açudes. O gráfico logo abaixo identifica a finalidade desses açudes (por exemplo, abastecimento de água e/ou irrigação). Eles também estão caracterizados graficamente em termos de sua evolução histórica, a partir do ano de criação, e apresentados individual e detalhadamente na tabela.
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Painel 2 – Processamento e beneficiamento
O mapa apresenta a localização dos estabelecimentos jurídicos que atuam na atividade agropecuária, registrados na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) em 2019. Os estabelecimentos também são caracterizados pelo porte, de acordo com o número de empregados. Clique nas barras do gráfico para selecionar um tipo de porte e visualizar dados específicos. Assim, é possível observar quais os municípios que reúnem, por exemplo, estabelecimentos de abate de caprinos e ovinos ou empresas de laticínios e ter uma estimativa de seus respectivos portes em cada uma das regiões.
Os dados de estabelecimentos estão divididos por Grupo e Subclasse da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0). Selecione um grupo e posteriormente uma subclasse para visualizar as informações no painel.
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Quadro Socioeconômico na Caatinga
Conhecer a realidade social e econômica dos territórios é condição fundamental para o sucesso de políticas de desenvolvimento, incluindo as ações voltadas ao setor agropecuário. Cada área tem uma trajetória própria, potencialidades e problemas singulares. Evidenciar essas diferenças por meio de indicadores que demonstrem a intensidade dos processos socioeconômicos e as suas variações no território é o que permite construir análises técnicas que sejam competentes em explicar as complexidades do mundo rural brasileiro.
No caso da Caatinga, são 1.130 municípios em oito estados, cada qual com características próprias em termos das principais atividades econômicas, de infraestrutura de serviços públicos, de histórias de ocupação e de níveis de desenvolvimento. No bioma, mais de 4 milhões de pessoas se ocupam em atividades da agropecuária distribuídas em aproximadamente 1,665 milhão de estabelecimentos agropecuários, de acordo com o Censo Agropecuário de 2017 do IBGE. Esta seção visa representar, por meio de uma série de informações espaciais estratégicas de natureza social e econômica, a complexidade que marca essa região, e demonstrar suas possibilidades de desenvolvimento futuro.
Dados, Mapas e Gráficos
O quadro socioeconômico da Caatinga apresenta painéis interativos dedicados à caracterização socioeconômica do bioma Caatinga em três dimensões: os municípios, os estabelecimentos agropecuários e os produtores rurais. Os municípios, recorte preferencial da execução das políticas públicas, são traduzidos em termos de indicadores de desenvolvimento que variam conforme cada região do bioma. Esse perfil de desenvolvimento municipal é acompanhado de uma análise do emprego formal associado à agropecuária, já que o trabalho é um dos pilares fundamentais do desenvolvimento das sociedades. Juntos, esses dados demonstram como cada município se encontra em termos de sua realidade socioeconômica.
As análises municipais são associadas a outros dois conjuntos de indicadores: o primeiro voltado à análise das características dos estabelecimentos agropecuários e o segundo direcionado à análise dos produtores rurais. Essa visão integrada permite reconhecer os processos em várias dimensões e subsidia, por meio de uma ampla cobertura de informações, o planejamento das ações públicas e privadas voltadas à melhoria do bem estar dos cidadãos.